Para decidir pela maternidade independente, aconselho, com base na minha experiência, que você leve em conta alguns aspectos muito importantes. Aspectos que dizem respeito não apenas ao processo da decisão e da gestação, mas também ao período posterior ao nascimento de seu bebê.
Toda decisão importante precisa ser embasada por pontos positivos e negativos. No meu caso, comecei a fazer uma análise da minha vida aos 40 anos e vi que precisava ter um objetivo para a segunda metade dela. No meu balanço, achei que havia conquistado muita coisa boa até aquele momento. Mas, e dali pra frente?
Uma sensação de vazio me tomava. E de medo. Um sentimento que misturava dois temores: o de não conseguir ter um filho(a) nessa vida e o de concebê-lo de forma independente, sem um pai. Medo do desconhecido. Medo do processo, de fazer tudo isso sozinha, e de não dar conta.
Ao mesmo tempo em que eu era tomada pelo medo, lembrava que a pior coisa que o ser humano pode sentir é o medo do seu próprio medo. Eu concordo e a minha coragem veio daí. Fiz tantas coisas arriscadas na minha vida, mudanças de trabalho, de cidade, de relacionamentos, que mais uma coisa arriscada – e motivada por um desejo tão intenso – eu não podia deixar de tentar. Melhor se arrepender de ter feito do que de não ter feito. Comecei, então, a me convencer de que era isso que eu queria.
É verdade que, apesar de ter dado tudo certo comigo, existem dificuldades pelas quais todos passam. Como, por exemplo, a solidão na gravidez. Por mais que você tenha amigos, família, no fim do dia você vai pra sua casa e fica lá... sozinha.
Lembro de ter que sair de casa às 2h da manhã para comprar Tylenol pois estava com dor de cabeça e sem ninguém para ir por mim. Nas consultas mensais ao médico e ultrassonografias, geralmente estive sozinha, sem um parceiro para dividir as emoções e "as contas"! Convidar amigas ou familiares ajuda, mas não é a mesma coisa.
Falando de família e dos amigos, o suporte deles foi a coisa mais importante em todo o meu processo após eu contar para todos sobre a minha gravidez. Esse é um ponto super positivo: você vai se surpreender com a expectativa e o carinho das pessoas próximas. Por outro lado, vai às vezes escorregar naquela pergunta de amigos mais distantes ou que pouco a conhecem: ué, mas você casou? E o seu marido, o que ele faz? Quem escolheu o nome? Eu sempre me saí bem, pela lateral, dizendo que nesta história não tinha um pai, que eu estava sozinha mesmo e que estava tudo bem.
Quando o bebê nasce, toda a emoção compartilhada com todos a seu redor. Aquelles que você deseja dividir esse momento mais do que especial. Por outro lado, você não vai ter alguém ali presente no dia-a-dia, o tempo todo, para compartilhar alguns momentos lindos e emocionantes da evolução do seu bebê. A não ser que morem durante um tempo com você. A evolução de um bebê é quse diária. É fato que também não vai poder contar com aquela providencial ajuda masculina pra colocar o carrinho no carro, segurar a bolsa cheia de coisas ou de comprar do supermercado e até olhar o bebê pra você poder tomar um banho tranquila.
Além disso, ter uma companhia pra você jantar bem (perto de casa, é claro!), e dar uma relaxada, faz falta para quem fica em função só do bebê o dia todo. Mais que isso, dar uma revezada nas noites em que seu bebê acorda umas 4 vezes e você já voltou da licença maternidade e tem que trabalhar no dia seguinte.
Eu avisei que tinha os dois lados da moeda e espero ter conseguido abordar, ainda que superficialmente, situações para você ter uma ideia do que pode enfrentar, para ajudar você a pensar. Mas, uma coisa eu digo sem nenhum medo: tudo valeu e está valendo muito a pena!... A emoção da gestação e de ver seu filho(a) nascer e se desenvolver é algo indescritível, um milgare de Deus. Sei que ainda tenho muitas etapas pela frente, e muitos desafios, mas, mesmo depois de anos, minha coragem está com a carga máxima!
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