Quero falar sobre a Mikki Morrissette, criadora do site ChoiceMoms.org, uma plataforma dedicada à maternidade independente que se tornou uma referência mundial para mulheres que desejam trilhar esse caminho. Mikki é uma jornalista americana que acumulou 18 anos de experiência trabalhando em Nova York, incluindo uma passagem notável pelo renomado The New York Times. Em 1999, ela realizou seu sonho de se tornar mãe de forma independente e, em 2004, repetiu o processo ao ter sua segunda filha.
Hoje, Mikki é casada, mas continua profundamente envolvida com o tema da maternidade independente, vivendo das suas publicações e do trabalho no seu site, que tem alcance global. Ela é uma voz ativa e pioneira no assunto, oferecendo apoio e informações valiosas para mulheres de todo o mundo que desejam seguir esse caminho.
Eu mesma tive alguns contatos com Mikki porque tinha um grande desejo de representá-la no Brasil, traduzindo seu livro de mais de 500 páginas, Choosing Single Motherhood: The Thinking Woman’s Guide. No entanto, percebi que muitos dos temas e situações abordados por ela são específicos à realidade americana, que difere bastante da nossa, tanto em termos culturais quanto legais. Diante disso, acabei desistindo da tradução. Além disso, o livro, publicado originalmente em 2007, não passou por atualizações recentes, pois Mikki preferiu focar seus esforços no mundo online.
Apesar disso, continuo recomendando a leitura do livro para aquelas que conseguem ler em inglês. O material é extremamente rico e pioneiro, oferecendo uma perspectiva única e detalhada sobre a jornada da maternidade independente. Para as interessadas, o livro pode ser encontrado na Amazon.com, pois não consegui encontrá-lo em livrarias no Brasil.
Devido à qualidade e à profundidade do conteúdo produzido por Mikki, decidi que periodicamente vou destacar e reproduzir alguns dos textos e artigos que ela publica em seu site: ChoiceMoms.org que é, sem dúvida, um dos sites mais completos e estruturados que encontrei até hoje sobre o assunto, e acredito que as informações disponíveis lá podem ser de grande utilidade para muitas mulheres brasileiras que estão considerando essa jornada.
Quero começar compartilhando um artigo em que Mikki aborda os "5 Mitos da Maternidade Independente". Esses mitos foram identificados por ela com base em suas observações das preocupações comuns entre mais de 1.000 mulheres solteiras que optaram, ou estão considerando optar, por construir suas próprias famílias de forma independente. Mikki teve contato direto com essas mulheres em mais de 25 eventos globais que participou, e os mitos são os seguintes:
Se eu for mãe solteira, terei que fazer tudo sozinha.
Mikki discute a autossuficiência frequentemente associada à maternidade independente. Muitas mulheres acreditam que precisam dar conta de tudo sozinhas, sem pedir ajuda. Mikki aconselha essas mulheres a aprenderem a aceitar apoio, mesmo de estranhos. A jornada da maternidade é desafiadora e ninguém deveria enfrentá-la completamente sozinha.
Um dia tudo vai se ajustar: dinheiro no banco, carreira, um possível parceiro ao meu lado.
Este mito se baseia na ideia de que é necessário esperar pelo momento perfeito para se tornar mãe. Mikki reflete sobre a impossibilidade de planejar todos os aspectos da vida e alcançar a perfeição antes de dar esse passo. A verdade é que a vida é imprevisível, e esperar pelo momento perfeito pode significar nunca dar o primeiro passo.
A gravidez vai ser um processo relativamente simples, ou seja, vai ser fácil engravidar.
Muitas mulheres subestimam as dificuldades envolvidas na concepção, especialmente após os 35 anos. Mikki lembra que as taxas de sucesso diminuem com a idade e incentiva as mulheres a considerarem alternativas como o congelamento de óvulos para garantir mais opções no futuro.
Meu filho não vai se importar com a falta de um pai ou não vai querer saber sobre sua história genética.
Este é um tema sensível, e Mikki ressalta que a questão da figura paterna ou da história genética pode surgir em algum momento da vida da criança. Ela aconselha as mães a estarem preparadas para lidar com essas perguntas e emoções, oferecendo recursos em seu site para ajudar a navegar por esses desafios. Nesse caso aqui, eu posso ajudar. Exatamente por ter sentido na pele essa vontade da minha filha de saber sobre o pai e de que, aos 5 anos, ela disse aos amiguinhos que seu pai havia morrido, eu resolvi escrever um livro infantil (o 1o. do Brasil) sobre maternidade independente. Eu abordo este tema de maneira lúdica e sensível mas verdadeira. De forma que a criança entenda sobre sua origem. É preciso que haja transparência nesta relação para que não haja cobranças no futuro.
Nunca conhecerei um parceiro se eu optar pela maternidade independente.Mikki desmistifica a ideia de que optar pela maternidade independente significa abdicar de encontrar um parceiro. Ela própria é um exemplo disso, pois se casou depois de ter suas duas filhas de forma independente. Abrir-se para novas possibilidades e viver a vida plenamente pode, sim, levar ao encontro de um parceiro que compartilhe dos mesmos valores e objetivos.
Esses mitos são bastante comuns e, em muitos aspectos, podem dar uma falsa sensação de segurança para as mulheres que desejam acreditar no que lhes parece mais confortável. No entanto, ao confrontar essas crenças e reconhecer as diferenças entre verdade e ficção, as mulheres se tornam mais capacitadas para viver a vida que realmente desejam.
Mikki Morrissette convida para uma reflexão profunda sobre essas questões, e acredito que essa reflexão é fundamental para qualquer mulher que esteja considerando a maternidade independente. Achei oportuno reproduzir essas ideias aqui, esperando que sirvam como uma fonte de inspiração e clareza para todas que estão nesta jornada.
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