Achei que eu ia sofrer mais preconceito ao longo da minha jornada.
Não que eu não tenha sofrido, muito pouco ou quase nada. Me lembro só de 2 situações pontuais, mas que não me atingiram porque foram com pessoas que não têm nenhum vínculo mais profundo comigo. Sem contar que eu senti uma espontaneidade nada proposital no sentido de querer me atingir diretamente. Falar para as pessoas no começo da gravidez não foi fácil. Eu tinha um pouco de receio de arranhar aquela imagem de executiva de multinacional, certinha, trabalhadora, responsável.
Depois que esgotei todas as explicações necessárias para a família e conscientizei todos sobre as etapas do processo que eu fiz e ainda ia fazer, comecei a exercitar meu discurso para contar aos meus colegas de trabalho, chefe e amigos não tão próximos. Foram algumas semanas de suspense, frio na barriga e medo de algum tipo de rejeição.
No fundo, parando para pensar, é uma bobagem encanar com isso. Demorei um tempo para entender que a profissional Bettina vai continuar do mesmo jeito, trabalhando e entregando resultados. O que vai mudar é a forma de lidar com trabalho e com o tempo que sobra dele. Otimizar todas as atividades da sua vida para que se encaixe da melhor maneira possível, sem prejudicar nada.
Uma dica que dou para quem tem receio de contar para sua empresa é que conte com seu coração. Nada mais autêntico e convincente do que a voz do seu coração. Se é uma vontade sua, que seja respeitada então. A maternidade independente não chega de uma hora para outra. Ela chega devagar, sedimentada e bem resolvida internamente. Por isso, ao se convencer disso, você vai convencer os outros, com certeza.
A jornada da maternidade independente é única e cheia de nuances. Cada mulher vive essa experiência de forma diferente, mas o que todas têm em comum é a necessidade de enfrentar os próprios medos e as expectativas da sociedade. No meu caso, o maior desafio foi equilibrar a imagem de uma profissional bem-sucedida com o desejo de ser mãe. Por muito tempo, acreditei que esses dois mundos eram incompatíveis, que de alguma forma, ao escolher a maternidade, eu estaria colocando em risco tudo o que havia conquistado na minha carreira.
Mas com o tempo, percebi que essa é uma visão limitada e até injusta. Ser mãe não diminui a minha capacidade profissional; pelo contrário, me torna ainda mais resiliente, organizada e capaz de lidar com desafios. A maternidade me trouxe uma nova perspectiva sobre o tempo e as prioridades, e isso só fez enriquecer a minha vida profissional. É uma questão de saber ajustar as peças do quebra-cabeça e encontrar um equilíbrio que funcione para você.
O que mais me surpreendeu foi o apoio que recebi de onde menos esperava. Muitas vezes, as barreiras que achamos que vão surgir estão mais dentro de nós do que no mundo ao nosso redor. Quando finalmente tomei coragem e compartilhei minha decisão com meus colegas, fui recebida com palavras de encorajamento e respeito. Isso me mostrou que, na maioria das vezes, subestimamos a capacidade das pessoas de entender e apoiar escolhas que, à primeira vista, podem parecer diferentes ou fora do padrão.
Se pudesse dar um conselho a quem está vivendo essa mesma dúvida, eu diria: acredite em você e no seu caminho. O mundo ao seu redor se ajustará à medida que você for se ajustando internamente. Esteja em paz com suas decisões e siga em frente com confiança, porque, no final das contas, quem realmente importa estará ao seu lado.
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