A escolha do doador de sêmen é uma das decisões mais importantes e desafiadoras para mulheres que optam pela maternidade independente. Este guia prático foi criado para ajudar você a navegar por essa escolha com confiança e clareza. Aqui, você encontrará informações essenciais, critérios relevantes e recursos úteis para tomar a melhor decisão no caminho para realizar seu sonho de ser mãe.
Quando ouvi a palavra “doador” pela primeira vez, confesso que o termo soou frio demais para ser relacionado à maternidade. Parecia um "estranho no ninho" no meu vocabulário—a palavra técnica que parecia erguer uma barreira ao meu desejo. Além disso, é um processo difícil de visualizar, totalmente delegado aos médicos e bancos de sêmen, sem espaço para arrependimentos depois da escolha. Não há aquela famosa devolução em até 7 dias.
Desde que decidi ser mãe independente, há mais de uma década, muita coisa mudou no universo da reprodução assistida, incluindo as opções de doadores. A tecnologia e a ciência evoluíram significativamente, e hoje você pode aproveitar essas inovações ao escolher o "papai da sementinha" ou o doador de 50% do material genético que ajudará a concretizar seu sonho de ser mãe.
Vou compartilhar com você como foi a escolha do meu doador em 2012. Naquela época, o processo era bem diferente do que é hoje. Os pacientes quase não tinham contato direto com os bancos de sêmen; tudo era intermediado pelo médico ou pela clínica. Quando chegou o momento de escolher o meu doador (recomendado pelo menos um mês antes de iniciar o tratamento), recebi um catálogo numerado de doadores. Na prática, era uma planilha em Excel com 100 doadores listados, e eu precisava selecionar 6 deles.
Cada número na planilha correspondia a um doador e incluía características físicas e pessoais, como etnia, tipo sanguíneo, peso, altura, cor da pele, cor dos olhos, cor dos cabelos, religião, hobby e profissão. Com essas informações em mãos, escolhi os doadores cujas características mais se aproximavam das minhas. No entanto, conheço pessoas que optaram por características completamente diferentes.
Lembro claramente desse momento de decisão: fui a um restaurante em um shopping de São Paulo depois do trabalho, pedi uma taça de vinho tinto (porque ninguém é de ferro) e, com calma, comecei a fazer a seleção. Lá estava eu, escolhendo o “pai biológico do meu bebê”. Meu médico me explicou que, devido ao número limitado de doadores, era melhor escolher seis opções para o caso de algum não estar mais disponível.
Embora soubesse que o primeiro ou o segundo poderiam não estar mais disponíveis, fiquei surpresa quando apenas o último da lista estava disponível! Foi uma situação um tanto frustrante, pois não era nem de longe o que eu havia planejado.
Vale destacar que, na época, devido à alta demanda e à grande rotatividade de doadores, surgiram bancos internacionais que começaram a atuar no Brasil. E, para alegria de todos, as planilhas em Excel já são coisa do passado! (Rsrsrs)
Não posso deixar de fazer uma provocação nesse momento de reflexão. Vamos combinar...fui eu quem escolhi o meu doador ou escolheram por mim? Eu entendi que talvez houvesse uma força maior que havia escolhido por mim e que eu deveria confiar que era o melhor. Hoje, com minha filha nos braços, agradeço imensamente por ter sido o que tinha que ser. E ponto final.
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