Perguntas frequentes

O que é maternidade independente?

Maternidade independente, expressão escolhida para dar nome a esse site, é como chamamos a decisão consciente de se tornar mãe sem um parceiro. Isso significa recorrer ao sêmen de um doador anônimo, por meio de um banco de sêmen, ou fazer um acordo com um amigo para que ele seja o doador. Nas duas opções, levando em conta que você não queira fazer sexo com o amigo, será necessário realizar uma fertilização in vitro (FIV). Assim, haverá coleta de óvulos e espermatozoides e a fecundação será feita em laboratório, com a posterior transferência dos embriões para o útero.

Por que não falar em produção independente?

Essa é uma expressão, sem dúvida, mais conhecida. Mas maternidade independente sugere um processo que envolve amor e uma decisão muito consciente – não “falta de alternativa” ou “plano B”. É, digamos, mais apropriada para designar a grandiosidade do projeto.

O que é preciso fazer para se tornar uma mãe independente?

Além de pensar muito nos prós e contras dessa decisão (no que este site pretende te ajudar), para se tornar uma mãe independente você precisará se submeter às técnicas de fertilização in vitro (FIV). Isso significa coleta de óvulos e espermatozoides e fecundação feita em laboratório, com a posterior transferência dos embriões para o útero. Antes disso, porém, fará exames de dosagem hormonal para saber como está a sua reserva ovariana e, portanto, a sua fertilidade. A partir desses exames, saberá, por exemplo, se não precisará, além da doação do esperma, da doação de óvulos, também chamada de ovodoação.

Doadores de sêmen e óvulos têm as suas identidades mantidas em sigilo. Você poderá escolher um doador a partir de algumas características que considere importantes, como cor da pele, dos olhos e religião. Existem bancos brasileiros de sêmen e de óvulos, mas é possível recorrer a bancos internacionais. Caso você tenha optado anteriormente por congelar seus óvulos, a FIV poderá ser feita com os seus próprios óvulos descongelados.

Depois de vencidas as etapas dos exames e da escolha do doador, e se for usar seus próprios óvulos, você fará um tratamento para estimular os ovários para que liberem mais óvulos naquele mês, com o uso de medicações. O passo seguinte é fazer a coleta de óvulos, procedimento que demora cerca de 30 minutos e exige apenas uma leve sedação. Em seguida, você receberá medicação para ajudar no preparo do endométrio e é feita a transferência dos embriões. Após o procedimento, ficará em repouso por dois dias e, de 10 a 14 dias após a transferência, realizará o teste de gravidez.

Existe idade certa para ter um filho de forma independente?

A escolha da idade para gerar o seu filho deve levar em conta um dado importante: ao longo dos anos, as mulheres perdem quantidade de óvulos, e também qualidade. Segundo o dr. Vicente Ghilardi (leia AQUI a entrevista que ele deu ao site), todo mês as mulheres perdem 1000 folículos para ovular um e, por volta dos 35 anos, têm em média 25 mil folículos. Aos 33 anos, a média de idade das mulheres que buscavam tratamento em 2005, a chance de engravidar é de 50%. Com 38, 39 anos, a atual média, essa chance não chega a 25%, 30%.

Acima de 40 anos de idade, a chance de engravidar naturalmente é em torno de 5% a 10% e com fertilização in vitro entre 15% e 23%. Outra questão é a qualidade: num óvulo de mais idade, os cromossomos são desalinhados, quando o correto é estarem alinhados. Isso aumenta a possibilidade de alteração cromossômica e dificulta engravidar.

Qual a idade máxima para uma mulher realizar o tratamento?

Com a nova resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) publicada no Diário oficial em maio de 2013, a idade máxima que uma mulher pode ter para se submeter ao tratamento de reprodução humana é de 50 anos.

Existem leis sobre a maternidade independente no Brasil?

Hoje, no Brasil, não existe legislação a respeito desses métodos, apenas normas éticas estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Essas normas estão descritas na Resolução do CFM nº 1.957/10 (leia o texto na íntegra AQUI). Essas regras, entre outras coisas, determinam que o número máximo de embriões a serem transferidos para a paciente dependerá da sua idade, não podendo ser superior a 4. Segundo o texto, mulheres de até 35 anos podem implantar até 2 embriões; de 36 a 39 anos, até 3; acima de 40, 4. Também por essas regras, qualquer pessoa pode se submeter a técnicas de reprodução assistida, independentemente do estado civil ou orientação sexual, o que beneficia diretamente as mulheres que optam pela maternidade independente e os casais homossexuais.

Existem números sobre a maternidade independente no País?

Não existem números precisos. Mesmo nos Estados Unidos, que têm uma legislação mais liberal e permitem o comércio de óvulos e esperma (o que é proibido no Brasil), as estimativas são vagas. Segundo um estudo de 2010,

entre 30.000 e 60.000 crianças nascem por ano naquele país de mães que optaram por recorrer a banco de esperma. No Brasil, segundo relato do dr. Wilson Carrara, a procura maior tem sido de 5 anos para cá. De acordo com o dr. Vicente Ghilardi, uma média de 10% das suas pacientes optam pela maternidade independente.

O que é congelamento de óvulos?

É uma técnica que mantém os óvulos criopreservados (congelados) em um cilindro de nitrogênio líquido na temperatura de -196ºC. Há pouco mais de 20 anos, foi criada a técnica de congelamento por vitrificação – pelo Dr. Masashige Kwayama, da Clínica Kato, em Tóquio, no Japão – que permite o congelamento rápido do óvulo, impedindo a formação de cristais de gelo e os consequentes danos celulares. Os cristais tendem a se formar no congelamento lento (hoje em dia pouco usado) porque o óvulo, que é a maior célula do corpo humano, contém uma grande quantidade de água no seu interior.

O congelamento é usado para preservar a fertilidade da mulher, por exemplo, no caso de adiamento da maternidade por motivos pessoais, de histórico familiar de menopausa precoce e até de tratamentos oncológicos, que podem causar danos irreversíveis aos ovários.

Qual a melhor idade para congelar óvulos?

O ideal é congelar os óvulos entre 27 e 35 anos, segundo dr. Vicente Ghilardi.

O que é vitrificação?

É a técnica de congelamento rápido, criada pelo Dr. Masashige Kwayama, da Clínica Kato, em Tóquio, no Japão. A baixa temperatura (-196ºC) é atingida rapidamente, produzindo um estado vítreo no embrião ou óvulo e impedindo a formação de cristais de gelo e os consequentes danos celulares. A velocidade da diminuição de temperatura no congelamento convencional é de 0,3 ºC por minuto, ao passo que na vitrificação é de 23 ºC por minuto, ou seja, 70 vezes mais rápido. (Fonte: Clínica IPGO)

O que é reprodução assistida?

A reprodução medicamente assistida é o processo de reprodução humana no qual há a necessidade da ajuda de diferentes técnicas médicas. Entre elas, a inseminação artificial intrauterina, a fertilização in vitro (FIV), também chamada de bebê de proveta, e a microinjeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI – Intra Citoplasmic Sperm Injection).

O que é inseminação artificial intrauterina?

É uma técnica de reprodução medicamente assistida em que o sêmen é depositado diretamente no interior da vagina ou no útero da mulher. É utilizada em casos em que os espermatozoides não conseguem atingir as trompas.

O que é fertilização in vitro?

A fertilização in vitro (FIV) é o procedimento de reprodução assistida mais usado. Envolve seis etapas:

1. o hormônio folículo-estimulante (FSH) é utilizado para estimular o crescimento do maior número de óvulos possível, para aumentar as chances de fertilização e de gravidez;

2. é usado o HCG para estimular a liberação dos óvulos maduros, que são coletados dos ovários, por via vaginal, utilizando-se uma agulha fina visualizada por ultrassom;

3. os óvulos são transferidos para uma placa no laboratório, na qual são colocados juntamente com os espermatozoides para que ocorra a fertilização;

4. alguns óvulos fertilizados ou embriões são transferidos para o interior do útero.

O que é microinjeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI)?

Também conhecida por ICSI (da sigla inglesa Intracytoplasmic Sperm Injection), é uma técnica de reprodução medicamente assistida que consiste na injeção de um único espermatozoide no citoplasma do óvulo (na verdade o nome correto é ovócito), com a ajuda de um aparelho especialmente desenvolvido contendo microagulhas para injeção (micromanipulador). É uma técnica que se associa à fertilização in vitro (FIV) normalmente quando se detectam fatores masculinos que não permitem a fertilização apenas pela junção dos espermatozoides e ovócitos em local de cultura apropriado.

Quais são os riscos das técnicas de reprodução humana?

O principal é a gestação múltipla, pois, como os tratamentos envolvem a indução da ovulação, aumenta-se a chance de múltiplos óvulos e, consequentemente, múltiplos embriões. Outro fator é a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana, que consiste em uma resposta exagerada às medicações usadas na indução da ovulação. No entanto, muito se tem feito para amenizar este risco. É válido ressaltar que a chance de gestação múltipla é menor do que a chance de gestação única. (Fonte: Clínica Huntington).

O tratamento sempre resulta em gêmeos e trigêmeos?

Não. A taxa de gêmeos é de 20%. Trigêmeos ou mais representam apenas 4%. (Fonte: Clínica Huntington)

Existem restrições de saúde para quem quer se submeter à reprodução assistida?

Se a mulher estiver bem, sem nenhuma patologia, nada que possa caracterizar uma gravidez de risco, não há restrições. Mesmo assim, há maneiras de se olhar: uma mulher acima de 35 é gestação de risco? Sim, é uma gestação de risco. Mas, como em qualquer procedimento: uma mulher de 20 anos em condições ideais e uma de 40 anos em condições ideais, sempre a de mais idade pode ter mais complicação. Mas se não tem diabetes, hipertensão, tudo bem. Por outro lado, uma mulher de 25 pode ter problemas, como uma eclampsia. Uma cardiopatia grave, independentemente da idade, pode ser complicada. (Fonte: dr. Wilson Carrara)

Quando a utilização de óvulos doados é indicada?

As mulheres recorrem a óvulos doados quando não conseguem produzi-los ou a qualidade ovular é ruim e pode dificultar ou comprometer a gestação. A partir dos 40 anos, começa a ser mais comum a necessidade de doação de óvulos ou ovodoação.

Assim, entre os motivos para recorrer à ovodoação estão: idade reprodutiva avançada, baixa reserva ovariana, mulheres que passaram por cirurgia de retirada dos ovários, portadoras de doenças genéticas graves, mulheres que passaram por inúmeras tentativas, sem sucesso, de realizar fertilização in vitro.

As doadoras de óvulos geralmente são jovens que recorreram a técnicas de fertilização in vitro – por outros motivos que não problemas com os óvulos – e que doam aqueles que não usados na fertilização. O Conselho Federal de Medicina determina que as identidades da receptora e da doadora de óvulos sejam mantidas em sigilo. A compra e venda de óvulos é proibida.

Como é feito o tratamento de reprodução assistida no caso de casais homoafetivos?

No caso de mulheres homossexuais, não se pode utilizar o sêmen de um familiar ou conhecido de uma das parceiras para fertilizar os óvulos de sua companheira por meio da inseminação artificial ou fertilização in vitro. Os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa e, obrigatoriamente, é mantido o anonimato.

Já os homens homoafetivos dependem dos óvulos de doadora desconhecida e a gestação do útero que, ao contrário dos óvulos doados, deve ser de parente até segundo grau, como irmã ou mãe. É obrigatório que a chamada “doação temporária de útero” tenha a aprovação do Conselho Federal de Medicina. Em outros países é possível pagar a uma mulher pelo ‘aluguel’ do seu útero ou pelos seus óvulos, ao contrário no Brasil, onde essa alternativa é proibida. (Fonte: Clínica Huntington)

Como funciona a “barriga de aluguel”?

O Conselho Federal de Medicina prefere os termos “gestação de substituição” ou “doação temporária do útero”. Esse recurso é uma alternativa para mulheres que por vários motivos não podem engravidar, mesmo tendo óvulos capazes de gerar um bebê. É também a única alternativa para casais de homens homoafetivos.

O casal gera o embrião por meio da técnica de fertilização in vitro (FIV) que, em seguida, é transferido para o útero de outra mulher. Após o nascimento, o bebê é devolvido aos pais biológicos.

Segundo o CFM, as doadoras temporárias do útero devem pertencer à família da doadora genética, num parentesco até o segundo grau (mãe, filha, irmã, avó ou neta), sendo os demais casos sujeitos à autorização do Conselho. A doação temporária do útero, além disso, não poderá ter caráter lucrativo ou comercial.  (Fonte: Clínica Huntington)

Como funciona o banco de sêmen?

Os doadores de sêmen devem ter entre 18 e 45 anos e não ter doenças infecciosas ou genéticas. O voluntário realiza uma série de exames, como testes no aparelho reprodutor – que detectam doenças infectocontagiosas e DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) –, exames de sangue – que apontam possíveis doenças hereditárias – e o espermograma – que define a qualidade de seu esperma.

Após todos os exames, o voluntário é encaminhado a uma sala reservada, onde realiza a coleta de sêmen. Em seguida ele passa por uma espécie de triagem com um urologista e responde a um questionário referente a doenças e questões pessoais.

Normalmente os bancos selecionam grupos de homens jovens e com potencial reprodutivo comprovado para realizarem a doação, que deve ser feita sem benefícios financeiros entre as partes e com a assinatura de um termo de doação, que consiste em abrir mão de qualquer direito sobre o sêmen. (Fonte: Clínica Huntington)

Como funciona a doação de óvulos ou ovodoação?

A doação de óvulos é um procedimento um pouco mais complicado que o da doação de sêmen. Não existem bancos de óvulos no Brasil. Clínicas de reprodução assistida podem fornecer óvulos congelados que restaram de algum tratamento quando existe a permissão para que sejam doados.

Também se pode contar com voluntárias que decidam doar. Elas nunca poderão vender os seus óvulos, a lei no Brasil não permite. As doadoras não devem conhecer a identidade das receptoras e vice-versa. A lei não permite doação entre familiares.

Para doar os óvulos, a doadora precisa tomar medicamentos (via oral e injeções subcutâneas) para induzir a ovulação, assim como ocorre no processo de fertilização in vitro. Depois de cerca de 10 dias, os óvulos poderão ser aspirados, com a ajuda de um transdutor transvaginal. O procedimento é feito com a paciente sedada.

A fertilização deve ser realizada no mesmo dia da coleta dos óvulos. Vinte e quatro horas após, será possível saber quantos embriões se formaram, que até 5 depois poderão ser implantados no útero da receptora.